Programação

Narrativas visuais e escritas valorizam a ancestralidade

Bibliotheca Pública Pelotense recebe diferentes ações culturais dentro da Semana da Consciência Negra 2022

Carlos Queiroz - DP - Mandalas lembram a espiritualidade e a arte passada entre as gerações

Integrando a programação da Semana da Consciência Negra 2022 a Bibliotheca Pública Pelotense recebe diferentes ações que valorizam a ancestralidade e a história afrodescendente no município. Entre as atrações estão as mostras: A ancestral força das mulheres negras, presente! Nossos passos vêm de longe, Potencialização da Lei 10.639/03 e 11.645/10 e Polivivências - Caminhos, narrativas, oralidade de Júlio dos Santos, disponíveis ao visitante ou usuário do espaço, no subsolo do prédio, as duas primeiras, e no piso térreo, esta última. A visitação pode ser feita das 9h às 12h e das 13h às 17h, até sexta-feira (25).

A ancestral força das mulheres negras, presente! Nossos passos vêm de longe foi criada pelas artistas têxteis da marca Las 3tramas (@las3tramas). Na mostra elas apresentam uma série de mandalas confeccionadas em crochê, misturando temas como espiritualidade e herança cultural. Ainda no subsolo podem ser vistos trabalhos de arte criados por crianças de escolas públicas sobre a temática negra. O material resulta das oficinas do projeto Potencialização da Lei 10.639/03 e 11.645/10, do Babalorixá Juliano de Oxum.

Proposto pela doutoranda em Antropologia, Simone Fernandes, a mostra Polivivências - Caminhos, narrativas, oralidade de Júlio dos Santos homenageia o locutor, radialista e cantor pelotense de 72 anos. Santos é morador do bairro Simões Lopes e tem uma vivência ligada aos movimentos populares e a religiosidade. "Ele acompanhou a construção da igreja Nossa Senhora Aparecida e era muito amigo do padre Ozy Fogaça e foi fundador do Bloco Burlesco Bafo da Onça, uma pessoa que tem muitas histórias para contar", comenta a antropóloga.

Outras atrações

Na BPP ainda pode ser visto o documentário da acadêmica do curso de Antropologia da UFPel Tereza Cristina Barbosa Duarte. Em Airis - Do tumbeiro à academia, a universitária aborda desde a saída dos africanos escravizados, que vinham para o Brasil em navios, os tumbeiros, até a atualidade em que pesquisadores afrodescendentes trazem à tona todo uma história ainda pouco contada. "A trajetória do povo negro desde a vinda para cá, todo esse percurso, até chegar aos acadêmicos. Embora todo esse processo de aniquilamento, hoje temos pesquisadores negros que podem resgatar essa história", explica antropóloga, com mestrado na mesma área, Maria Heloísa Martins.

Ainda na BPP podem ser vistas as exposições Clube 24 Somos o suco do Carnaval, de Juliana Ariza, e do álbum digital Fios de recuerdos descobrindo minha família negra, também proposto por Juliana Ariza em parceria com Tereza Cristina Duarte.

Poevivências

Na tarde de terça-feira (22) também ocorreu uma ação do projeto Poevivências, criado pelas antropólogas Simone Fernandes e Maria Heloísa Martins. A proposta usa a escrita criativa como forma de empoderamento para mulheres negras. A inspiração vem das escrevivências da linguista e escritora brasileira Conceição Evaristo, na qual ela utiliza a experiência do autor, que cria narrativas relacionadas às experiências coletivas das mulheres.

A intenção é que as participantes dos encontros se empoderem e percebam que a vida delas vale apena ser contada. "Nós estamos trabalhando isso", fala Helô Martins. Para estes momentos as antropólogas levam canetas e papel, com os quais as participantes fazem seus relatos poéticos, a partir de uma temática que surge durante a conversa. Ontem, na BPP, ocorreu a segunda edição da proposta, a primeira foi durante o evento Agosto Negro, que aconteceu junto à antiga Estação Férrea.

O objetivo é unir os textos que estão surgindo em um livro futuramente, mas o primeiro passo será transpor o material dos encontros para uma página nas redes sociais. "É uma roda de acolhimento, de abraço, afeto, de muita escrevivência. A proposta é levar essas histórias essas poevivências dessas mulheres negras", comenta Simone Fernandes.

São escritas que surgem alicerçadas nas memórias e em temáticas comuns às mulheres negras, como a criação dos filhos, família, estudos, preconceito e racismo. "E essa oralidade tão forte que a gente traz das nossas famílias. Eu nasci de uma família de mulheres muito fortes, então tenho essa referência. A gente tem muitas histórias para contar, narrativas que não vamos encontrar nos livros. A gente precisa levar a nossa oralidade que é potente", fala Simone. A ancestralidade também é tema das narrativas de Helô Martins.

A Semana da Consciência Negra em Pelotas teve início no sábado com uma programação em diferentes locais da cidade. Saiba mais pelo perfil da Secretaria de Cultura (Secult Pelotas) pelo Facebook.

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